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Sistema mexicano de administração de medicamentos aposta na nanotecnologia para promover a saúde ocular global

Outubro de 2023

Catarina Jewell, Divisão de Informações e Comunicação Digital, OMPI

Especializado em doenças da retina, o Centro de Retina Medica y Quirúrigca (CRMQ) do México desenvolveu uma plataforma inovadora que utiliza nanotecnologia para administrar medicamentos na retina do paciente, oferecendo um tratamento mais moderno e acessível para algumas das doenças oculares mais comuns do mundo. O fundador e diretor-geral do CRMQ, Arturo Santos, e seu diretor jurídico, Enrique Santos, conversaram recentemente com a Revista da OMPI sobre a importância crucial dessa inovação na luta contra a cegueira irreversível. O CRMQ é um dos sete vencedores dos Prêmios Mundiais da OMPI 2023.

Bilhões de pessoas no mundo sofrem de algum tipo de deficiência visual ou cegueira. Segundo a OMS, a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e a retinopatia diabética (RD), nas quais o CRMQ é especializado, estão entre as três principais causas de deficiência visual e cegueira. (Foto: Motortion / iStock / Getty Images Plus)

Quando o CRMQ foi criado e por quê?

Arturo Santos: Quando eu era criança, meu irmão caçula sofreu um grave acidente de bicicleta e acabou perdendo um olho. Foi uma experiência muito dolorosa para todas as pessoas próximas. Ali eu soube que queria ser um especialista em olhos. Sou médico, oftalmologista e cirurgião de retina. Depois de me formar em medicina em 1996, eu criei o CRMQ, um centro especializado no tratamento de problemas da retina – a maioria das doenças que afetam a retina causa cegueira irreversível. Por meio de uma abordagem interdisciplinar, realizamos pesquisas aplicadas sobre a retina para responder às necessidades identificadas.

Quantas pessoas são acometidas pelas doenças oculares que o CRMQ busca tratar?

Arturo Santos: A saúde ocular é hoje uma prioridade global. Com o aumento da expectativa de vida e as mudanças de hábitos, as doenças oculares vêm crescendo no mundo inteiro. Bilhões de pessoas no mundo sofrem de algum tipo de deficiência visual ou cegueira. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e a retinopatia diabética (RD), nas quais somos especializados, estão entre as três principais causas de deficiência visual e cegueira. Se não forem tratadas, essas doenças podem evoluir para cegueira irreversível, o que significa que milhões de pessoas correm o risco de perder a visão se não receberem um tratamento adequado.

A saúde ocular é hoje uma prioridade global. Com o aumento da expectativa de vida e as mudanças de hábitos, as doenças oculares vêm crescendo no mundo inteiro.

Só no México, mais de 20 milhões de pessoas sofrem de diabetes, das quais 90% desenvolverão algum tipo de retinopatia diabética dentro de 10 anos. Como a DMRI e a DR são doenças progressivas, precisamos agir para evitar que elas levem à perda da visão, porque quando isso acontece, quase sempre é um processo irreversível. A prevenção é a melhor estratégia.

Fale um pouco sobre a sua plataforma nanotecnológica de administração de medicamentos na retina e por que ela é inovadora.

Enrique Santos: Nossa plataforma representa um grande avanço na terapêutica oftalmológica e contribuirá para a redução da deficiência visual na população, gerando um enorme impacto positivo na sociedade e na economia. Ela oferece um novo método de administração de medicamentos no olho para tratar a retinopatia diabética, que causa perda de visão moderada, porém incapacitante, e degeneração macular úmida relacionada à idade. No tratamento convencional, o paciente precisa ir mensalmente à clínica para receber uma injeção no olho afetado, o que não é uma experiência agradável.

Nossa plataforma representa um grande avanço na terapêutica oftalmológica...

Os tratamentos atuais para a degeneração macular
relacionada à idade e a retinopatia diabética exigem
cuidados especializados, são custosos e envolvem
injeções frequentes no olho. (Foto: Cortesia do CRMQ)

Nossa plataforma utiliza a nanotecnologia para encapsular um agente ativo (proteínas, anticorpos, esteroides ou outros medicamentos) em um lipossoma e administrá-lo na forma de um simples colírio. Isso nos permite alcançar concentrações que, com o tempo, equivalem às proporcionadas por uma injeção. Além disso, nosso colírio pode alcançar concentrações terapêuticas significativamente maiores que a de colírios normais, cujo agente ativo é inferior a 5%, dos quais apenas cerca de 3% são absorvidos pelo olho.

Atualmente, estamos finalizando o processo regulatório no México e a expectativa é concluir o registro do nosso primeiro produto em algumas semanas. Outra grande vantagem da plataforma é a possibilidade de criar diversos produtos para o tratamento de uma série de doenças oculares. Nossa plataforma representa um grande avanço na terapêutica oftalmológica e contribuirá para a redução da deficiência visual na população, gerando enormes impactos sociais e econômicos.

Em termos práticos, como os tratamentos oftalmológicos especializados do CRMQ beneficiarão os pacientes?

Arturo Santos: Os tratamentos atuais exigem cuidados especializados, são custosos e envolvem injeções frequentes no olho. Além disso, os desfechos de saúde variam. Grande parte dos pacientes desiste depois de três injeções, o que se deve a três razões principais: o grande desconforto causado pela introdução de uma agulha no olho, os altos custos envolvidos e o longo tempo despendido – o paciente precisa visitar o especialista todos os meses.

Além de ser uma alternativa mais cômoda e de baixo custo, a nossa abordagem permite que os pacientes administrem o medicamento por conta própria. Nossa terapia também complementa a dose que os pacientes recebem por injeção, permitindo, por exemplo, que o indivíduo inicie o tratamento com algumas injeções e continue com o colírio. Isso reduz o número de visitas à clínica, o que muda completamente o cenário. Além disso, enquanto as injeções envolvem a administração de doses de alta concentração e volume, com o nosso colírio o paciente recebe uma dose menos concentrada e mais contínua, pelo fato de ser usado diariamente.

Com a tecnologia da nossa plataforma, mais pessoas terão acesso à saúde ocular devido à facilidade de uso. E estamos muito confiantes de que conseguiremos reduzir os custos dos tratamentos. Esse é um ponto importante porque os países com a maior incidência de diabetes não necessariamente têm os melhores sistemas de saúde. Nossa plataforma ajudará os pacientes a manter a visão ao longo da vida.

A plataforma nanotecnológica do CRMQ permite alcançar, com um simples colírio, concentrações terapêuticas equivalentes às proporcionadas por uma injeção. Graças a essa facilidade, mais pessoas terão acesso à saúde ocular. (Foto: evrim ertik / Getty Images)

Como o CRMQ aborda a inovação e a propriedade intelectual em novos tratamentos de retinopatia?  

Arturo Santos: O CRMQ aborda a inovação com um espírito empreendedor e tecnológico. Todo o nosso trabalho tem como objetivo combater a cegueira. Todas as ideias propostas são avaliadas em termos de seu impacto, viabilidade e potencial comercial. Submetemos as ideias mais promissoras a uma prova de conceito e, para cada uma delas, criamos um plano com etapas de desenvolvimento, o que inclui um estudo pré-clínico com animais para validar nossa pesquisa. Isso fortalece a nossa capacidade de negociação. Só publicamos os resultados das nossas pesquisas nas principais revistas científicas depois de depositar nosso pedido de patente. É fundamental depositar o pedido de proteção antes de publicar qualquer coisa porque o desenvolvimento de produtos farmacêuticos, sobretudo uma plataforma tecnológica como a nossa, exige muito tempo e investimento. Assim, é extremamente importante proteger seus ativos de propriedade intelectual (PI).

É comum os pesquisadores quererem publicar seus achados assim que fazem uma nova descoberta, mas, para gerar um impacto real, é preciso ter uma estratégia de PI.

É comum os pesquisadores quererem publicar seus achados assim que fazem uma nova descoberta, mas, para gerar um impacto real, é preciso ter uma estratégia de PI e, antes de mais nada, proteger os resultados da sua pesquisa. Só depois disso esses resultados podem ser publicados. No início da jornada como pesquisador, queremos fazer grandes descobertas e ganhar reconhecimento. Depois vem a necessidade de obter financiamento e uma renda estável. É aí que entra a propriedade intelectual. No CRMQ, buscamos gerar novas descobertas e monetizá-las, mas também queremos contribuir de forma positiva para a vida das pessoas.

Como a abordagem que vocês adotam ajuda a população em risco de desenvolver doenças da retina?

Arturo Santos: Nossas pesquisas já demonstraram que, em baixas concentrações, vários compostos bioativos de origem vegetal, como os polifenóis, podem estabilizar os capilares da retina e ajudar a evitar a perda de visão. Usamos boas práticas de fabricação para extrair esses compostos e produzir uma extração pura própria para uso médico, que é posteriormente encapsulada no nosso colírio para alcançar uma boa concentração no olho. Essas formulações ajudam a preservar a saúde ocular de pessoas que correm o risco de desenvolver doenças da retina.

Essas terapias também tem uma vantagem regulatória: muitos países têm uma enciclopédia de medicamentos fitoterápicos e, quando uma planta usada na produção dessas terapias consta dessa enciclopédia, o processo regulatório é mais simples. Essa é uma ótima notícia para as populações em risco desses países. 

De que maneira os direitos de propriedade intelectual têm contribuído para a luta de vocês contra a perda de visão?

Enrique Santos: Graças à nossa propriedade intelectual, conseguimos atrair os melhores pesquisadores para desenvolver e comercializar nossa plataforma. A PI é o principal meio que utilizamos para estabelecer parcerias estratégicas no setor de saúde (com empresas, universidades e órgãos do governo), permitindo, por exemplo, que desenvolvêssemos uma sólida relação de trabalho com a OPKO Health nos Estados Unidos. A propriedade intelectual é ainda um importante instrumento de negociação com empresas farmacêuticas. É muito difícil negociar com essas empresas e, sem uma estratégia de PI robusta, as chances de fechar um bom negócio são mínimas. Precisamos dessas parcerias não apenas para promover nossas pesquisas, mas também para encontrar tecnologias mais modernas e eficazes no tratamento de doenças oculares e lançá-las rapidamente no mercado, gerando assim o impacto que queremos. Nada disso seria possível sem a propriedade intelectual.

Graças à nossa propriedade intelectual, conseguimos atrair os melhores pesquisadores para desenvolver e comercializar nossa plataforma.

Nosso objetivo é facilitar o acesso ao nosso medicamento para os cerca de 20 milhões de pacientes diabéticos no México. O processo de produção, fabricação, realização de ensaios clínicos e obtenção da aprovação regulatória exige uma equipe robusta e grandes investimentos financeiros. É por meio das nossas parcerias estratégicas que conseguiremos alcançar esse objetivo.

Vocês têm planos de distribuir a terapia que desenvolveram em outros países além do México?

Enrique Santos: Sim, faremos isso em parceria com a OPKO Health, que, além da presença mundial, tem um histórico comprovado na fabricação e distribuição de medicamentos. Isso faz da empresa um parceiro perfeito. Sem essa parceria, estaríamos produzindo boas pesquisas, mas não iríamos além disso. Queremos gerar impactos concretos. Os conhecimentos e a experiência da OPKO Health nos ajudaram muito, inclusive no fortalecimento da nossa estratégia de proteção de PI. Seu apoio e influência também foram extremamente úteis para a criação de empreendimentos conjuntos com outros parceiros.

A pioneira plataforma do CRMQ utiliza nanotecnologia para administrar medicamentos na retina dos pacientes, ajudando-os a manter a visão ao longo da vida. Ao reduzir a cegueira na população, a plataforma terá um enorme impacto social e econômico. (Foto: daliloveart / iStock / Getty Images Plus)

Quais foram as principais lições aprendidas em sua jornada de inovação até o momento?

Arturo Santos: A primeira é a necessidade de ter uma boa equipe interdisciplinar para validar a viabilidade técnica de uma ideia, saber como usar a PI para protegê-la e avaliar se comercialmente faz sentido prosseguir com o seu desenvolvimento. A equipe é um aspecto fundamental. 

O segundo ponto é que o diretor-executivo precisa entender a fundo a estratégia de PI da empresa, o funcionamento dos acordos de confidencialidade, os requisitos envolvidos na elaboração de um pedido de patente e assim por diante. Também precisa aprender a negociar com as empresas farmacêuticas, porque é o diretor-executivo que tem a palavra final na mesa de negociação. É uma curva de aprendizado íngreme.

A terceira lição é a necessidade de selecionar a doença-alvo certa. É por essa razão que começamos pela identificação de uma necessidade. Quando há uma demanda do mercado pela solução desenvolvida pela sua empresa, as chances de êxito aumentam muito.

E o quarto aprendizado é que é impossível fazer tudo sozinho. Você precisa de parceiros para conseguir gerar os impactos desejados e alcançar seus objetivos.

Qual o seu conselho para as pequenas e médias empresas do México e de outros países?

Arturo Santos: No México, precisamos acreditar no nosso talento. E precisamos adotar a PI porque é ela que garantirá que as nossas pesquisas gerem impactos concretos no mundo real.  Nós, pesquisadores, precisamos ter em mente a necessidade de proteger qualquer resultado inesperado e inovador. Esse é o primeiro passo para fazer a transição de uma economia baseada na manufatura para outra baseada no conhecimento. O México tem muitos talentos.Só precisamos acreditar na nossa capacidade.

O que significa para vocês ter ganhado o Prêmio OMPI de 2023 e como essa conquista apoiará seus objetivos empresariais?

Arturo Santos: Tem um significado muito grande. É o reconhecimento de todo o nosso esforço e uma grande motivação para seguirmos nossa luta contra a cegueira. Esse prêmio mostrará a outros pesquisadores no México o que é possível. Todo mundo precisa de uma história de sucesso.

Não tenho dúvidas de que o Prêmio aumentará a nossa credibilidade e visibilidade no mercado. Outras empresas farmacêuticas conhecerão a nossa plataforma e buscarão nossos serviços, o que ajudará a fortalecer a nossa relação com a OPKO Health. Para nós, é uma conquista muito importante e positiva.

Quais são os seus planos para o futuro?

Arturo Santos: Estou com 59 anos. Nos próximos anos, meu foco será oferecer treinamentos e compartilhar meus conhecimentos e experiência com a próxima geração de pesquisadores e empreendedores. É por isso que atualmente eu também chefio o Escritório de Transferência Tecnológica do Instituto Tecnológico e de Estudos Superiores de Monterrey, no México, onde acabamos de implementar a nossa nova política institucional de propriedade intelectual.  É assim que pretendo mudar a percepção sobre a inovação e a propriedade intelectual no México e incentivar os jovens a acreditar que eles também podem fazer a diferença. A universidade é um ótimo ponto de partida.

A saúde ocular é fundamental para a consecução dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, entre os quais os seguintes:

A Revista da OMPI destina-se a contribuir para o aumento da compreensão do público da propriedade intelectual e do trabalho da OMPI; não é um documento oficial da OMPI. As designações utilizadas e a apresentação de material em toda esta publicação não implicam a expressão de qualquer opinião da parte da OMPI sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, ou área ou as suas autoridades, ou sobre a delimitação das suas fronteiras ou limites. Esta publicação não tem a intenção de refletir as opiniões dos Estados Membros ou da Secretaria da OMPI. A menção de companhias específicas ou de produtos de fabricantes não implica que sejam aprovados ou recomendados pela OMPI de preferência a outros de semelhante natureza que não são mencionados.