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Estudiosa de cinema identifica o primeiro filme com direitos de autor registrados

Março de 2023

Por Wendi A. Maloney, escritora-editora, Departamento de Comunicações, Biblioteca do Congresso, Washington, D.C., Estados Unidos

– republicado por cortesia da Biblioteca do Congresso

Quando a carta perfeitamente dobrada foi aberta, dela saíram algumas fotos: 18 pequenas imagens impressas em duas tiras numa só folha: três homens em pé à volta de uma bigorna, atuando uma cena de The Blacksmith Shop.

“Eu congelei!”, diz Claudy Op den Kamp, a estudiosa do cinema que extraiu a carta de uma caixa de arquivos da Biblioteca do Congresso, em Culpeper, Virginia, EUA, em meados de 2022. “Não conseguia entender o que tinha em mãos.” Ela, com certeza, não esperava encontrar aquelas fotos.

Datada de 14 de novembro de 1893, a carta estava assinada “W.K.L. Dickson”, que a acadêmica sabia se tratar do fotógrafo-chefe do laboratório de Thomas Edison em Nova Jersey, numa época em que Edison corria contra os concorrentes para se estabelecer como o pai do cinema – como se não lhe bastasse, diz ela, ter inventado a lâmpada elétrica e a fotografia.

Vasculhando os arquivos da Biblioteca do Congresso Americano em Culpeper, Virginia, em meados 2022, Claudy Op den Kamp encontrou uma carta de W.K.L. Dickson, o fotógrafo-chefe do laboratório de Thomas Edison em Nova Jersey, inquirindo sobre o estado de andamento do pedido de direitos de autor que ele tinha enviado à Biblioteca do Congresso. O pedido dizia respeito ao primeiro filme americano com direitos de autor registrados. (Foto: Cortesia da Biblioteca do Congresso, Washington D.C., EUA)

Dickson queria informar-se sobre o estado de andamento do pedido de direitos de autor que tinha enviado várias semanas antes à Biblioteca do Congresso, aos cuidados de Ainsworth Rand Spofford. Na época, Spofford era também o diretor das operações relativas aos direitos de autor nos Estados Unidos.

Tratava-se de um pedido relativo a um filme que Dickson descrevia apenas como “Kinetoscopic Records” (“Gravações Cinetoscópicas”). Dickson afirmava que as imagens contidas na carta eram amostras do filme. Ele as tinha gravado com uma máquina nova desenvolvida no laboratório de Edison. Essa máquina tirava 40 fotos por segundo, todas com as dimensões de uma polegada (2,54 cm) por três quartos de polegada (1,9 cm). Quando impressas em película e vistas através de um cinetoscópio – outra invenção de Edison – as imagens pareciam mover-se. Dickson estava fazendo novos filmes diariamente, escreveu ele, e queria proteger da concorrência o trabalho do laboratório.

Op den Kamp recuperou o fôlego e gritou. Detinha em mãos a prova do nascimento do cinema americano, um papel que solucionava um mistério de longa data: qual tinha sido o primeiro filme americano com direitos de autor registrados.

Fazia anos que os acadêmicos sabiam que em 1893 tinha sido feito o registro de um filme não identificado. Contudo, ninguém tinha conseguido associar esse registro a um filme específico com algum grau de certeza... até então.

Mike Mashon, diretor da Seção de Imagens em Movimento da Biblioteca do Congresso, que se encontrava num escritório por perto, chegou correndo. “Foi um momento maravilhoso, realmente!”, disse ele.

Para os leigos, os direitos de autor de um filme podem parecer um assunto enigmático, mas não para os estudiosos do ramo. Durante décadas, percorreram os arquivos de direitos de autor da Biblioteca do Congresso, que abriga o Instituto dos Direitos de Autor dos EUA, a fim de reconstituir a história do nascimento do cinema.

Nos termos da lei do direito de autor dos EUA, os requerentes têm de enviar cópias de suas obras ao solicitar o registro. Quando Dickson e outros produtores pioneiros registravam uma obra, não tinham como saber que estavam documentando o nascimento de uma indústria que mudaria o mundo.

“Só se torna claro em retrospectiva”, diz Mashon. “Mas foi desses primeiros esforços que se deu o advento do cinema mundial. O direito de autor desempenhou um papel de importância incrível para a preservação dos arquivos”.

Edison patenteou em vida um número extraordinário de invenções – mais de mil – e, com grande zelo, utilizou os instrumentos jurídicos para proteger suas realizações. O próprio Dickson já registrava fotografias com Spofford durante anos. Não é, portanto, de surpreender que o laboratório de Edison tenha recorrido aos direitos de autor para seus filmes.

Imagens do primeiro filme americano
com direitos de autor registrados, The
Blacksmith Scene,
de Edison, marcando
os primórdios do cinema nos Estados
Unidos. (Foto: Cortesia da Biblioteca do
Congresso, Washington D.C., EUA)

Agora sabemos, graças à pesquisa de Op den Kamp, que o primeiro filme com registro de direitos de autor foi The Blacksmith Shop, de Edison, também conhecido como The Blacksmith Scene ou The Blacksmithing Scene.

O Segundo filme com direitos de autor registrados, também do laboratório de Edison, é conhecido há muito tempo. Registrado em 9 de janeiro de 1894 e inscrito no livro oficial do arquivo de direitos de autor como Edison Kinetoscopic Record of a Sneeze, o filme é muitas vezes referido como Fred Ott’s Sneeze.

Fred Ott era um funcionário do laboratório de Edison e foi filmado espirrando, no âmbito dos experimentos cinematográficos do laboratório. As cópias impressas enviadas com o registro foram transferidas dos arquivos dos direitos de autor para os acervos da Biblioteca do Congresso na década de 1940. A Biblioteca do Congresso frequentemente exibe essas imagens e escreve sobre o filme.

Embora Spofford tenha efetuado um registro em 1983 com o título “Edison Kinetoscopic Records”, aquele mesmo registro sobre o qual Dickson inquiria em sua carta, não se conhecia a existência nem da carta original de Dickson, nem de qualquer uma das cópias impressas do filme, até que as fotos de Blacksmith Shop saltaram sobre a mesa diante dos olhos de Op den Kamp.

Proeminente acadêmica do cinema e da propriedade intelectual (PI) da Universidade de Bournemouth, no Reino Unido, Op den Kamp fez uma residência no Centro John W. Klug, da Biblioteca do Congresso, durante seis meses em 2022, para estudar o papel de Spofford na formação do acervo em papel da Biblioteca: rolos de papel fotográfico adesivo depositados pelos primeiros produtores da história para o registro de filmes.

A maioria dos primeiros filmes foi feita em nitrato de celulose, que é altamente inflamável e sujeito a deterioração. Na época, a Biblioteca não dispunha de capacidade para armazená-los com segurança. Além disso, até 1912, não existia na lei do direito de autor uma categoria específica para os filmes.

Os produtores pioneiros, a começar por Edison, expunham seus negativos em película de nitrato nos rolos de papel fotográfico adesivo para registrá-los, na maior parte das vezes, como fotografias, categoria estabelecida em 1865.

A Biblioteca do Congresso tem aproximadamente 6.500 cópias impressas em papel, incluindo agora as imagens de Blacksmith Shop: esse volume é maior do que o acervo de qualquer outra instituição em todo o mundo até hoje. É uma mina de outro para os pesquisadores, pois a maioria dos filmes em nitrato de celulose já não existem.

Tal não é o caso, porém, de The Blacksmith Shop. O magnata dos negócios Henry Ford, amigo próximo de Edison, tinha uma cópia, que sobreviveu e foi mais tarde preservada pelo Museu de Arte Moderna.

“A ideia de que Ford tinha essa cópia, que Edison provavelmente lhe deu ou enviou, demonstra que Edison a considerava especial”, diz Op de Kamp.

Essa cópia até foi parar no Registro Nacional do Cinema da Biblioteca do Congresso, em 1995. De acordo com o Registro Nacional do Cinema, ela contém os primeiros atores de cinema da história, um dos quais é supostamente John Ott, irmão de Fred, e outro funcionário de Edison. O filme, que foi exibido para o público em Brooklyn, Nova York, no dia 9 de maio de 1983, é também considerado o primeiro de mais de alguns metros de fita a serem publicamente exibidos. “Ele mostra figuras vivas apresentadas de maneira a causar deslumbramento”, relatou um jornal de Brooklyn do dia seguinte.

Durante a residência no Centro John W. Kluge da Biblioteca do Congresso, em meados de 2022, Claudy Op den Kamp (acima) encontrou um verdadeiro tesouro quando desenterrou o primeiro filme americano com direitos de autor registrados: The Blacksmith Scene, de Edison. (Foto: Cortesia da Biblioteca do Congresso, Washington D.C., EUA)

Para Op den Kamp, estabelecer o elo entre Edison Kinetoscopic Records, inscrito no livro de registro de direitos de autor, e o filme The Blacksmith Shop pode não ter apresentado qualquer perigo além de um pouco de poeira. Ainda assim, foi uma missão praticamente digna de Indiana Jones. Quando enfim chegou a abrir a carta de Dickson, ela já tinha consultado cerca de 30 funcionários especializados, tanto atuais como aposentados, usado cinco salas de leitura e se familiarizado de maneira aprofundada com as práticas evolutivas do arquivamento de direitos de autor. Tudo isso a conduziu a solicitar cinco paletas do depósito da Divisão de Livros Raros e Coleções Especiais. Cada uma delas continha 50 caixas, associadas a 2.000 registros cada. E foi dentro de uma dessas caixas que ela achou a carta.

“A carta encontrava-se exatamente onde devia estar”, diz Op den Kamp. A pesquisadora teve apenas de deduzir seu percurso ao longo dos últimos 129 anos.

Os estudiosos do cinema, continua Op den Kamp, há muito tempo presumiam que Kinetoscopic Records envolvia vários filmes. Suspeitava-se seriamente que The Blacksmith Shop estaria entre eles. Entre as outras possibilidades estavam os seguintes filmes de Edison: Carmencita, Caicedo e Serpentine Dance.

“Agora sabemos que o termo “gravações” significava várias imagens em tiras”, diz ela, como no caso da amostra presente na carta de Dickson. 

“De certa forma”, afirma Mashon, “a carta que Claudy encontrou é o Big Bang. Tudo se desenvolveu a partir daí. Foi emocionante participar dessa descoberta”.

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