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Soluções naturais para a eliminação de microplásticos

Dezembro de 2023

Catherine Jewell, Divisão de Informação e Divulgação Digital, OMPI

A poluição por plásticos é atualmente um dos desafios mais urgentes da humanidade. A cada ano, geramos mais de 450 milhões de toneladas métricas de resíduos plásticos. Os danos causados aos ecossistemas naturais são terríveis. Se não mudarmos nossos hábitos, o volume de resíduos plásticos deverá triplicar até 2060, e só conseguiremos eliminar todo esse lixo depois de muitas gerações. Mas, em meio a tantas nuvens no horizonte, é com otimismo que vislumbramos o trabalho de empresas que apostam na inovação: um bom exemplo é a Lactips, startup francesa que busca mitigar os efeitos do uso excessivo de plásticos. Com a produção de alternativas sustentáveis destinadas ao mercado de embalagens, a Lactips está revolucionando o cenário industrial. Pioneira no desenvolvimento de polímeros à base de proteínas naturais, a empresa oferece uma alternativa ecológica às embalagens de plástico: além de ser inteiramente biodegradável em qualquer tipo de ambiente, o material criado pela Lactips não deixa resíduos de microplásticos. Recentemente, a Revista da OMPI conversou com o CEO da empresa, Alexis von Tschammer, para conhecer melhor essa surpreendente tecnologia. A Lactips foi uma das sete vencedoras da edição 2023 dos Prêmios Mundiais da OMPI.

A startup francesa Lactips está revolucionando o mundo dos plásticos. Pioneira no desenvolvimento de polímeros à base de proteínas naturais, a empresa oferece uma alternativa mais sustentável e totalmente biodegradável às embalagens de plástico. (Foto: Cortesia da Lactips)

Poderia nos falar sobre a Lactips e as origens da empresa?

Em 2014, Marie-Hélène Gramatikoff, engenheira especializada em plasturgia, e o Professor Frédéric Prochazka, da Universidade de Saint-Étienne, decidiram fundar a Lactips. O ponto de partida foram as pesquisas realizadas por Frédéric, cujos resultados deram origem ao registro de uma primeira patente. A Lactips é a única empresa no mundo capaz de produzir plástico a partir de um polímero natural - a caseína do leite - e de transformar esse material em pellets de plástico para uso industrial. É nisso que reside a originalidade da tecnologia. Trata-se de uma solução pronta, que pode ser incorporada ao processo de fabricação de plásticos sem nenhum investimento adicional. Com isso, oferecemos novas possibilidades para que as empresas tornem suas operações mais “verdes”, sem desestruturar a indústria.

Somos grandes defensores da economia circular. Tudo o que fazemos tem como objetivo eliminar os resíduos de plástico e a poluição provocada por esse material. É a nossa forma de contribuir para a preservação do planeta.

Atualmente, a Lactips está deixando de ser uma startup para entrar no rol das PMEs industriais. Ingressei na empresa no ano passado, com a missão de coordenar essa transição. Em razão de minha sólida experiência de mais de 25 anos atuando nos setores de plásticos e papel, a diretoria me convidou a desenvolver o perfil industrial da Lactips. Dispomos atualmente de uma fábrica com 4.200 metros quadrados, inaugurada em 2021, e de uma grande unidade de P&D com um laboratório muito bem equipado, onde trabalham 50 profissionais.

A Lactips é a única empresa no mundo capaz de produzir plástico a partir de um polímero natural - a caseína do leite - e de transformar esse material em pellets de plástico para uso industrial. (Foto: Cortesia da Lactips)

Que prioridades a Lactips definiu para o futuro?

A humanidade está cada vez mais consciente de que as mudanças climáticas, a poluição por plásticos e a erosão da biodiversidade estão destruindo o planeta. Observamos uma crescente preocupação por parte dos consumidores, que percebem a necessidade de eliminar o uso de plásticos. Os dirigentes de muitas marcas têm aderido a metas e objetivos oficiais, comprometendo-se a reduzir o volume de plásticos utilizados até 2025 e 2030.

Ademais, as autoridades também estão tomando medidas regulatórias para forçar a mudança. Portanto, essa é a hora certa para agirmos. A fábrica está pronta, dispomos de uma tecnologia madura, os consumidores estão buscando esse tipo de solução, e o planeta precisa dela com urgência. O grande diferencial que oferecemos é que nossa solução não se enquadra na norma REACH nem está sujeita às diretrizes sobre plásticos descartáveis da União Europeia, já que o produto é 100% natural.

No curto prazo, a prioridade da Lactips é orientar e coordenar as empresas de transformação de plásticos (que fabricam produtos com esse material) e os proprietários de marcas, para que trilhem o caminho da transição ecológica rumo a soluções sustentáveis, eliminando os resíduos e a poluição gerados pelos plásticos. A previsão é que haja importantes lançamentos comerciais já no final de 2023.

A tecnologia da Lactips é uma solução pronta.
Os fabricantes de plásticos podem adotá-la sem
investimentos adicionais, o que abre para eles novas
possibilidades de tornar suas operações mais “verdes”,
sem desestruturar a indústria.
(Foto: Cortesia da Lactips)

Que tipo de comparação pode ser feita entre o polímero natural da Lactips e os plásticos tradicionais?

Contrariamente aos plásticos convencionais, nosso inovador produto é solúvel em água e inteiramente biodegradável em qualquer tipo de ambiente. É por isso que ele é tão revolucionário e original. O material se degrada com grande rapidez, em quatro a seis semanas – tão rápido quanto comida orgânica –, sem gerar microplásticos. Caso chegue a algum rio ou ao mar, ele se dissolve em poucos minutos e desaparece completamente. Os plásticos tradicionais levam centenas de anos para se decompor, além de gerar microplásticos nocivos durante o processo de degradação.

Contrariamente aos plásticos convencionais, nosso inovador produto é solúvel em água e inteiramente biodegradável em qualquer tipo de ambiente.

Dos 460 milhões de toneladas de plásticos produzidos a cada ano – e esse volume vai triplicar nos próximos 40 anos –, menos de 1% é bioplástico verdadeiramente biodegradável, e apenas 9% são encaminhados para reciclagem. Quanto ao resto, a maior parte vai parar em aterros sanitários ou incineradores.

Nossa proposta de valor comporta dois níveis: promovemos a eliminação de resíduos plásticos nas cadeias de reciclagem existentes, graças à solubilidade de nosso produto; e combatemos a poluição por plásticos, pois ao entrar no meio ambiente nosso polímero natural se degrada rapidamente, sem deixar resíduos nocivos.

Quais são as principais utilizações do polímero natural biodegradável da Lactips?

Os pellets que produzimos podem ser processados da mesma forma que os plásticos convencionais para modelagem por injeção, extrusão e filmes, bem como para o revestimento de embalagens de papel. O produto é ideal para embalagens alimentícias – em particular de alimentos secos (por exemplo ração para animais e balas) – e para embalagens secundárias, inclusive as embalagens externas que agrupam várias unidades do mesmo produto em um único lote (por exemplo, os pacotes de açúcar a serem vendidos num supermercado local).

Promovemos a eliminação de resíduos plásticos nas cadeias de reciclagem existentes […], além de combatermos a poluição por plásticos.

Paralelamente, estamos lançando uma tecnologia que objetiva substituir o filme de plástico usado em pastilhas de limpeza, e temos pesquisado formas de oferecer material para etiquetas destinadas às garrafas de vidro usadas na indústria de bebidas. O vidro é um material caro e sua produção consome muita energia, por isso é tão interessante que as garrafas sejam reutilizadas. O descarte de velhas etiquetas dificulta esse processo, e nosso produto poderia ser uma excelente alternativa.

Qual a dimensão do mercado global de embalagens biodegradáveis?

Temos em mira um mercado que movimenta aproximadamente 1,6 bilhão de euros, o que é enorme. Os fabricantes têm se empenhado para eliminar o uso de plásticos, especialmente de embalagens primárias e secundárias, e estão à procura de soluções sustentáveis. Nosso material é 100% natural, impermeabiliza como qualquer plástico, tem propriedades de barreira semelhantes à do plástico (impede a passagem de oxigênio, gordura e óleos minerais), além de ser transparente. Para completar, quando entra na cadeia de reciclagem do papel, passando por um processo que utiliza água, ele simplesmente se dissolve, fazendo com que 99,7% das fibras de papel sejam recuperadas – e tudo isso sem produzir resíduos. Ou seja, a Lactips contribui ativamente para promover a reciclagem.

Que papel a propriedade intelectual desempenha para a Lactips?

A propriedade intelectual e a inovação são parte integrante do nosso DNA. O ponto de partida da criação da empresa foi a patente registrada por um dos fundadores, Frédéric Prochazka, no âmbito de suas pesquisas para a universidade. Atualmente, nossa carteira contém sete famílias de patentes que estão devidamente protegidas nos principais mercados. A propriedade intelectual é uma peça-chave para o sucesso porque os investidores só apostarão na empresa se tiverem certeza de que, primeiro, ela oferece algo de realmente inovador; e, segundo, que essa inovação está muito bem protegida. A complementariedade dos direitos de propriedade intelectual da Lactips é a base sobre a qual nós nos apoiamos. As patentes protegem nossas fórmulas, bem como os novos desenvolvimentos e as aplicações promissoras que temos em vista. Como alicerces de nossa vantagem competitiva, as patentes permitem que a empresa mostre o caráter inovador e pioneiro de seu trabalho, além de nos protegerem contra eventuais bloqueios por parte de grandes operadoras desse mercado.

A propriedade intelectual é uma peça-chave para o sucesso porque os investidores só apostarão na empresa se tiverem certeza de que, primeiro, ela oferece algo de realmente inovador; e, segundo, que essa inovação está muito bem protegida.

Instauramos processos estritamente confidenciais, como NDAs (acordos de não divulgação), MTAs (acordos de transferência de material) e JDAs (acordos de desenvolvimento conjunto), com todos os parceiros e as equipes que trabalham conosco. Dessa forma, a Lactips conseguiu levantar 25 milhões em financiamentos, o que posicionou a empresa entre as cinco principais startups do setor de bioplásticos na Europa. E, evidentemente, o registro de nossas marcas contribui para que a Lactips ganhe maior reconhecimento.

Como foi definida a estratégia de propriedade intelectual da Lactips?

Desde 2015, temos participado dos cursos sobre propriedade intelectual oferecidos pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) da França. Durante esse processo de capacitação, solicitamos que o INPI efetuasse um mapeamento de patentes, a partir do qual identificamos o panorama tecnológico e concorrencial em que atuamos. Todo o processo, somado à competente assessoria externa prestada pelo escritório Plasseraud, especializado em propriedade intelectual, constituiu a base para implementarmos a sólida estratégia que vem contribuindo para a realização de nossos objetivos comerciais.

Como a Lactips gostaria que o mercado de plásticos evoluísse nos próximos anos?

Sem dúvida alguma, gostaríamos que a transição para o uso de materiais sustentáveis e naturais fosse mais rápida. Somos grandes defensores da economia circular. Tudo o que fazemos tem como objetivo eliminar os resíduos de plástico e a poluição provocada por esse material. É a nossa forma de contribuir para a preservação do planeta.

Que lições o senhor aprendeu desde que assumiu a direção da Lactips?

Nunca desistir. Paciência e perseverança são fundamentais. As pessoas ficam empolgadas ao ver as soluções que oferecemos e logo querem utilizá-las, mas a implementação de grandes mudanças no mercado costuma ser um processo bem demorado. É essencial estabelecer parcerias em todos os níveis da cadeia de valor para poder avançar, passo a passo, em direção à comercialização dos produtos. E como na Lactips temos a sorte de trabalhar com pessoas que têm paixão pelo que fazem, é fundamental manter os colaboradores focados e motivados, de forma que possamos, juntos, alcançar os objetivos definidos para o curto prazo.

Qual a importância de ser um dos vencedores da edição 2023 dos Prêmios Mundiais da OMPI, e que benefícios essa vitória traz para a empresa?

Consideramos o Prêmio como um autêntico reconhecimento do trabalho, do empenho, do compromisso e das soluções que a empresa vem desenvolvendo para preservar a natureza e o planeta.

Sentimos um grande orgulho em saber que estamos fazendo algo que as pessoas e as organizações, como a OMPI, consideram importante. O Prêmio vai dar mais visibilidade ao nosso trabalho e nos ajudar a levar nossas soluções a outras regiões interessadas no uso de bioplásticos e, quem sabe, trazer novos clientes para a empresa. Essa vitória é também uma forma de mostrar aos investidores a solidez da carteira e da estratégia da Lactips em matéria de propriedade intelectual.

Quais são os planos da Lactips para o futuro?

Tudo indica que estamos no caminho certo para nos tornarmos uma empresa capaz de gerar lucros. Firmamos parcerias para o desenvolvimento de soluções com marcas e fabricantes estratégicos e já programamos, para o final de 2023 e todo o ano de 2024, uma série de lançamentos muito interessantes que chegarão ao mercado. Em seguida, o plano é oferecer um acompanhamento mundial aos clientes e expandir nossa presença geográfica.

Como surgiu o seu interesse por essa alternativa sustentável ao uso de plásticos?

Atuando como engenheiro na área de P&D, sempre tive muito interesse no setor de plasturgia e nas possíveis aplicações de suas tecnologias. O plástico revolucionou o mercado de embalagens e é um material que oferece muitas vantagens, em particular para uma melhor conservação dos alimentos, graças a suas propriedades de barreira. No entanto, pelo volume de resíduos e pela poluição que produz, o plástico também acarreta sérios problemas quando não é reciclado, ou quando é descartado no meio ambiente sem os devidos cuidados. Hoje, me dedico totalmente ao desenvolvimento, à produção e à comercialização de soluções naturais que oferecem o melhor de dois mundos: as propriedades de barreira mecânica do plástico, somadas às propriedades biodegradáveis e compostáveis de alternativas naturais. Sei que estamos prestes a compartilhar muitos sucessos com as marcas e com a indústria de plasturgia, e isso é motivo de grande orgulho para toda a equipe da Lactips.

A Revista da OMPI destina-se a contribuir para o aumento da compreensão do público da propriedade intelectual e do trabalho da OMPI; não é um documento oficial da OMPI. As designações utilizadas e a apresentação de material em toda esta publicação não implicam a expressão de qualquer opinião da parte da OMPI sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, ou área ou as suas autoridades, ou sobre a delimitação das suas fronteiras ou limites. Esta publicação não tem a intenção de refletir as opiniões dos Estados Membros ou da Secretaria da OMPI. A menção de companhias específicas ou de produtos de fabricantes não implica que sejam aprovados ou recomendados pela OMPI de preferência a outros de semelhante natureza que não são mencionados.