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Jobbatical: facilitando a transferência de talentos entre países em prol da inovação

Abril de 2023

Catherine Jewell, Divisão de Informações e Comunicação Digital, OMPI

Conheça a Diretora Executiva da Jobbatical, Karoli Hindriks. Ela está determinada a tornar a transferência de talentos entre países uma experiência fluida e descomplicada. Diante da maior escassez de talentos da história, a Jobbatical está gerando oportunidades para que as empresas tenham acesso aos talentos de alto nível de que precisam para prosperar, e os governos possam solucionar a eventual escassez de mão de obra resultante, entre outros fatores, do envelhecimento de populações.

Todos nós podemos criar ideias que mudam o mundo.

Como começou sua jornada?

Quando ainda era estudante, minha turma teve de fazer um trabalho que consistia em criar uma empresa e desenvolver um produto novo. Durante as sessões de brainstorming, eu tive a ideia de criar refletores modernos para fixar em roupas e outros acessórios. Eram acessórios que durante o dia, tinham uma aparência bem moderna, mas à noite podiam realmente salvar a vida de alguém. Aconteceu de ser uma ideia única. Falei então dela ao meu pai, já falecido, que me deu muita força e me incentivou a patenteá-la. Foi o que eu fiz. E foi assim que passei a ser a inventora mais jovem da Estônia. De fato, desenvolvi minha primeira empresa em torno dessa invenção. Essa experiência mudou alguma coisa em mim. Percebi que minha ideia podia fazer uma diferença e que, na realidade, ninguém precisa ser extremamente inteligente ou ter muito dinheiro para mudar o mundo. Todos nós podemos criar ideias que mudam o mundo.

Minha meta, como empresária, é demonstrar que é perfeitamente possível para qualquer mulher criar uma empresa bem-sucedida e, dessa forma, ajudar a mudar mentalidades e o próprio mundo.

O que levou você a criar a Jobbatical?

Karoli Hindriks (acima) está facilitando o acesso
de empresas aos recursos intelectuais de que precisam
para crescer, estimulando, assim, a inovação e gerando
mais oportunidades para os países vencerem na corrida
mundial por talentos. (Foto: Erland_Staub 53)

Eu estava na Califórnia em 2012, e certo dia enquanto corria, comecei a me perguntar por que as empresas mais revolucionárias do mundo, como a Google, estavam sedeadas ali. Concluí, após uma certa reflexão, que não era porque as pessoas do Vale do Silício eram dotadas de uma inteligência superior, mas porque pessoas brilhantes se mudavam para lá e ajudavam a desenvolver tais empresas. Comecei então a pensar sobre o que tínhamos de fazer para atrair essas pessoas para lugares como Talín, Estocolmo e Kuala Lumpur. Inicialmente, nos últimos meses de 2014, nós criamos com a Jobbatical uma comunidade sem fronteiras de profissionais altamente qualificados, que apresentamos a empresários e empresas presentes nessas cidades. Ao longo desse processo, descobrimos que o maior problema dos empregadores não era contratar talentos, mas trazê-los para seus países.

Então, mudamos de rota em 2019 e começamos a desenvolver uma plataforma de tecnologia em torno do processo de imigração e da transferência de profissionais para outros países. Estamos hoje atuando em oito países - Alemanha, Espanha, Estônia, Estados Unidos, França, Países Baixos, Portugal e Reino - e podemos tratar da transferência de profissionais para 17 outros países. Nos próximos dois anos, vamos expandir nossa presença no terreno para outros 30 países.

O que está gerando a procura por esses serviços?

Existe um grande interesse. Estamos crescendo num ritmo alucinante devido a dois fatores. Em primeiro lugar, estamos enfrentando a maior escassez de talentos da história da humanidade, devido, entre outros fatores, ao envelhecimento de populações e a um sistema de ensino não direcionado. Contratar talentos sempre foi difícil e vai ficar infinitamente mais complicado. As previsões sugerem que daqui a 2050, a Alemanha vai precisar de 7 milhões de pessoas para atender a suas necessidades em mão de obra, enquanto países como Brasil, Indonésia e Japão, vão precisar de aproximadamente 18 milhões de pessoas, cada, até 2030. Essas pessoas existem em algum lugar, mas é preciso poder fazê-las entrar nesses países. E o trabalho da Jobbatical é justamente solucionar essa questão.

Estamos enfrentando a maior escassez de talentos da história da humanidade.

O nosso segundo fator de crescimento é o nomadismo digital. Na atual era pós-pandemia, as pessoas sabem que podem trabalhar remotamente. E diante da escassez de talentos, os empregadores, especialmente as grandes empresas de tecnologia, estão ficando cada vez mais flexíveis no que diz respeito ao local onde seus funcionários trabalham. Para muita gente, o visto de trabalho é uma nova regalia; profissionais altamente qualificados podem escolher onde querem morar e trabalhar, com a garantia de que o empregador vai encarregar-se dos procedimentos relativos à imigração. É uma oportunidade de mercado totalmente nova.

Para Karoli Hindriks, o nomadismo digital é uma oportunidade de mercado totalmente nova. (Foto: Vasil Dimitrov / iStock / Getty Images Plus)

Alguns países estão adotando o sistema de vistos para nômades digitais. A Jobbatical está envolvida nesse processo?

Em alguns casos, está. Fomos nós que criamos o primeiro visto para nômades digitais do mundo, em colaboração com o governo da Estônia. Outros países, como a Espanha, estão agora fazendo o mesmo. Isso é para nós uma ótima notícia, já que a Jobbatical só pode ajudar se as políticas relevantes forem introduzidas.

Que serviços a Jobbatical oferece?

Nossa plataforma elimina o uso de papel e automatiza o processo de imigração e transferência de pessoal, fazendo dele uma experiência fluida e descomplicada para as empresas e seus funcionários. Digamos, por exemplo, que você esteja se mudando dos Estados Unidos para a Alemanha. Nós acessamos a plataforma de seu empregador ou ele envia seus dados (por exemplo, dados do passaporte, diplomas, etc.) para a nossa plataforma. Você então se conecta à plataforma e é guiado ao longo de todo o processo. Essencialmente, nós entramos em ação a partir do momento em que você é contratado ou decide mudar-se para outro país. Nosso sistema inteligente tecnologicamente facilitado extrai informações de seus documentos e preenche automaticamente os devidos formulários. Nossa equipe de assistência está pronta para ajudar com quaisquer problemas. Você e seu empregador apenas acompanham o processo, enquanto nós cuidamos de tudo.

Por que você decidiu sedear a empresa na Estônia?

A Estônia é um país totalmente digitalizado e oferece uma excelente experiência do usuário. Eu criei minha empresa em 10 minutos, sentada à mesa de um café, enquanto tomava um cappuccino. É tudo muito fácil, não se perde tempo com burocracia. Então, foi essa a principal razão. Mas eu também queria demonstrar que era possível fazer isso num país como a Estônia.

Como você chegou até esse nome: Jobbatical?

Você já deve ter adivinhado! É a mistura de "job" com "sabbatical". Em 2014, um emprego era visto como algo rotineiro e chato que você tinha de fazer, com a possibilidade de uma licença sabática a cada cinco anos, para realizar seu sonho e viajar pelo mundo. Eu previ que no futuro, as pessoas iam querer trabalhar remotamente, no lugar que escolhessem e nas áreas de seu interesse. Agora, estamos vendo isso acontecer. O trabalho hoje em dia mescla o emprego e a licença sabática. As pessoas estão escolhendo trabalhar com empregadores que refletem os valores delas e, devido à escassez de profissionais talentosos, estão podendo exigir a flexibilidade que desejam ter para realizar seus sonhos.

Eu me lembro do momento exato em que cunhei o termo "jobbatical". Eram duas horas da madrugada, minha filha de um ano estava dormindo, eu digitei "jobbatical" no Google e não surgiu nada. Foi uma excelente notícia. Tudo que leva o nome "jobbatical" é criado pela empresa. É essa nossa propriedade intelectual (PI).

A plataforma da Jobbatical elimina o uso de papel e automatiza o processo de imigração e transferência de pessoal, fazendo dele uma experiência fluida e descomplicada para as empresas e seus funcionários. (Foto: metamorworks / iStock / Getty Images Plus)

Qual é o papel da PI para sua empresa?

Somos uma plataforma de tecnologia. Por conseguinte, o papel da PI é essencial para nós. Grande parte daquilo em que os investidores investem é a PI que constituímos. Nossa PI nos permite atrair investidores, destacar-nos dos concorrentes e conservar nossa vantagem competitiva.

Como a Jobbatical está contribuindo para a criação de ecossistemas de inovação?

Estamos deslocando pessoas brilhantes de um país para outro, proporcionando oportunidades inteiramente novas tanto para essas pessoas como para as empresas em que trabalham. As pessoas fazem o trabalho que querem e os empregadores ganham acesso aos recursos intelectuais de que precisam para crescer. Todos saem ganhando. Estamos essencialmente eliminando o atrito da mobilidade laboral. Ao fazer isso, você facilita a inovação e gera mais oportunidades para os países vencerem na corrida mundial por talentos.

Estamos deslocando pessoas brilhantes de um país para outro, proporcionando oportunidades inteiramente novas tanto para essas pessoas como para as empresas em que trabalham.

Quais são os possíveis benefícios econômicos de uma mobilidade mundial de talentos facilitada?

A atual dimensão da escassez de talentos faz com que as economias dos países que conseguem atrair talentos saiam ganhando. É simples assim. Quando se elimina o atrito da mobilidade laboral, fica mais fácil para as pessoas entrarem no mercado de trabalho de um determinado país e contribuírem para sua economia. Os países que eliminam o atrito da mobilidade laboral permitem a suas empresas concentrar aquele tempo e aquela energia que desperdiçariam com processos burocráticos no desenvolvimento de negócios.

A atual dimensão da escassez de talentos faz com que as economias dos países que conseguem atrair talentos saiam ganhando.

Siim Sikkut, antiga Diretora de Informação da Estônia estimou que, graças à digitalização, a Estônia, que é um país de 1,3 milhões de habitantes, economiza 2% do PIB por ano. Isso equivale a economizar todo mês uma pilha de papel da altura da Torre Eiffel. Imagine o que um país maior deve conseguir fazer. Eliminando o uso de papel no processo, nós transformamos a imigração numa experiência mais eficaz e fácil, além de estarmos salvando o planeta.

Qual é sua visão para o futuro?

Nós queremos oferecer uma solução integral para o processo de transferência de profissionais e ajudar na eliminação do atrito que atualmente inibe a mobilidade laboral. Nossa missão é tornar a imigração e transferência de pessoal algo tão acessível e fácil que empresas e profissionais possam fazer essa opção simplesmente pelo fato de existirem. Estamos trabalhando com autoridades públicas para digitalizar os sistemas de imigração, utilizando nossa tecnologia para economizar tempo e dinheiro. Nossa pesquisa aponta que embaixadas no mundo inteiro embaixadas gastam em torno de um terço de seu tempo respondendo a perguntas sobre o estado de avanço dos pedidos de passaporte e de visto. Os passaportes digitais podem ser a solução para esse problema. Com nosso sistema, os pedidos de passaporte e de visto podem ser processados em questão de horas.

Os passaportes tradicionais simplesmente não funcionam mais para o universo dos negócios. Na verdade, constituem muitas vezes uma forma de discriminação para os países onde se encontram indivíduos altamente talentosos. Acreditamos que graças à digitalização e classificação das informações sobre o passaporte, as qualificações e a experiência de uma pessoa, nós conseguimos em algumas horas encontrar o profissional de que uma empresa precisa.

Quais foram as cinco coisas que você aprendeu em sua jornada empreendedora?

“Os passaportes tradicionais não funcionam mais para
o universo dos negócios. Na verdade, constituem muitas
vezes uma forma de discriminação para os países onde
se encontram indivíduos altamente talentosos", segundo
Hindriks.
(Foto: PeopleImages / iStock / Getty Images Plus)

Primeiramente, é importante estabelecer uma cultura empresarial transparente. Quando sua equipe dispõe de todos os dados da empresa, ela consegue fazer decisões melhores.

Em segundo lugar, ao contratar alguém, confie nessa pessoa e lhe dê liberdade para usar a autonomia de que ela dispõe para fazer o trabalho dela e se desenvolver. Para constituir uma equipe de rápida evolução e grandes realizações, é preciso aceitar os fracassos. Faz parte do processo.

Terceiro, é preciso desenvolver resiliência para lidar com imprevistos. A pandemia de COVID-19 foi uma verdadeira prova para nossa resiliência.

Quarto, é preciso ser otimista. Como disse Steve Jobs: "As pessoas que são loucas o suficiente para achar que podem mudar o mundo são aquelas que o mudam". Esse é meu lema.

E em quinto e último lugar, para ser um grande líder, é preciso cuidar de si mesmo.

Como o governo pode apoiar a retomada econômica?

A primeira coisa a se fazer é modernizar a experiência da imigração a fim de permitir que os empregadores contratem as melhores pessoas mais rapidamente, vencendo assim a corrida mundial por talentos. O fato de facilitar o processo de deslocamento de uma pessoa do ponto A para o ponto B oferece uma oportunidade real. A Estônia é um país minúsculo, mas temos hoje mais unicórnios per capita - um para cada 130.000 habitantes - do que qualquer outro país, pelo menos na Europa. Isso é possível porque na Estônia, não se perde tempo com burocracia, você simplesmente cria e desenvolve sua empresa.

Como fundadora de uma empresa, você sofreu discriminação de gênero?

Sofri e me tornei uma grande feminista. As mulheres ainda enfrentam muita discriminação, especialmente no universo da tecnologia. Em 2022, as mulheres que criaram empresas na Europa receberam apenas 1% do financiamento.

Além disso, quando apresentamos nossos projetos aos financiadores, as perguntas que nos fazem, por sermos mulheres, tendem a girar em torno dos riscos. Se alguém lhe faz uma pergunta sobre riscos, você obviamente fala de riscos, e os investidores só ouvem os riscos. Já com os homens, eles falam mais sobre oportunidade e visão. Eu agora tenho isso em mente e, sempre que possível, mudo o foco para as oportunidades. Minha meta, como empresária, é demonstrar que é perfeitamente possível para qualquer mulher criar uma empresa bem-sucedida e, dessa forma, ajudar a mudar mentalidades e o próprio mundo.

As mulheres ainda enfrentam muita discriminação, especialmente no universo da tecnologia. Em 2022, as mulheres que criaram empresas na Europa receberam apenas 1% do financiamento.

Que conselho você daria para as mulheres que aspiram a se tornar inventoras e empreendedoras?

Quando se põe em prática uma visão, é inevitável ter sucessos e fracassos. O fracasso é algo normal e não tem nada a ver com o fato de se ser mulher. Como mulheres, temos tendência a nos diminuir nesse grande mundo, mas o mundo é na verdade muito menor do que pensamos e nossas ideias são muito maiores do que geralmente julgamos serem. Nós temos de encontrar coragem para pensar mais alto e acreditar que nossas ideias podem ser globais.

A Revista da OMPI destina-se a contribuir para o aumento da compreensão do público da propriedade intelectual e do trabalho da OMPI; não é um documento oficial da OMPI. As designações utilizadas e a apresentação de material em toda esta publicação não implicam a expressão de qualquer opinião da parte da OMPI sobre o estatuto jurídico de qualquer país, território, ou área ou as suas autoridades, ou sobre a delimitação das suas fronteiras ou limites. Esta publicação não tem a intenção de refletir as opiniões dos Estados Membros ou da Secretaria da OMPI. A menção de companhias específicas ou de produtos de fabricantes não implica que sejam aprovados ou recomendados pela OMPI de preferência a outros de semelhante natureza que não são mencionados.